- Gay não assumido, Roniquito (Daniel Rocha), à esq., pode ter amor platônico por Leandro (Thiago Martins)
Assim como na trama de João Emanuel Carneiro, na vida real não são raros os casos de gays (de ambos os sexos) que se encantam por heteros e cultivam um amor platônico. “Esse tipo de sentimento é o amor idealizado, que não se fundamenta na aproximação, e sim no seu próprio significado. Não tem a ver com interesse sexual, porque se satisfaz por si só, pelo simples fato de existir”, diz a psicoterapeuta Sandra Samaritano.
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A especialista afirma que, tal como vem acontecendo na novela, ainda que de maneira sutil, muitos homossexuais se satisfazem apenas com a fantasia. “Alguns se contentam em desfrutar os momentos que têm com o alvo da paixão no trabalho, na academia, no clube. Preferem amar à distância, porque sabem que, ao abrir o jogo, provavelmente não serão correspondidos e terão que arcar com a dor e a frustração”, diz Sandra.
Na opinião da psicóloga e terapeuta sexual Arlete Gavranic, do Instituto Brasileiro Interdisciplinar de Sexologia e Medicina Psicossomática (Isexp), colocar ou não tais fantasias em prática é uma escolha pessoal. “Mas é muito difícil conter ou negar o desejo. Por isso, em alguns casos, acho que o homossexual deve confessar o que sente”, afirma. O tipo de abordagem depende do vínculo de amizade entre os dois, mas, segundo Arlete, nunca deve ser realizada em público. “Se não houver uma proximidade ou intimidade adequada para abordar o assunto de um modo direto, o ideal é criar um clima para o momento”, diz a psicóloga. Mesmo assim, é praticamente impossível prever a reação do outro. Homens mais machistas tendem a reagir bruscamente, mas, geralmente, a resposta está ligada ao estilo da declaração amorosa.
Do mesmo modo que acontece entre heterossexuais, a amizade pode ser preservada, mas o relacionamento precisa de um tempo para que as partes assimilem o que aconteceu. “O gay sabe que o risco de ouvir um 'não' é enorme e já se prepara emocionalmente para isso", afirma Arlete Gavranic. "Dependendo da maturidade dos envolvidos e do afeto que envolve a relação, não há maiores sequelas”.
Em relação às circunstâncias da novela, as especialistas acreditam que, antes de tudo, Roniquito precisa revelar sua condição –mesmo porque a possibilidade de ela vir à tona por terceiros só tende a comprometer de forma negativa sua relação com o pai. Para Sandra Samaritano, o melhor jeito de lidar com o amor platônico é primeiro assumir a própria identidade sexual, visto que ele é mais comum entre homossexuais que ainda mantêm sua orientação em segredo. “Continuar a camuflar a própria natureza faz com que o gay acabe mergulhando em outras fantasias platônicas, sem nunca viver sua afetividade de fato”, diz.
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