sexta-feira, 1 de junho de 2012

Em primeira novela, Daniel Rocha causa rebuliço.


Júnior ((Bruno Gagliasso) e Zeca (Erom Cordeiro) na novela América
Roni (Daniel Rocha) nutre sentimentos por Leandro (foto), mas deve ter romance  com Sidney



O personagem de Daniel Rocha Azevedo chama a atenção em "Avenida Brasil". O jogador de futebol Roniquito faz a linha "peixe fora d’água" junto de seus colegas de campo: ele não é mulherengo, não tem opiniões machistas, é sensível e parece sofrer por não poder expor seus sentimentos de admiração e carinho pelo colega Leandro (Thiago Martins).

O jeito do rapaz até já deixou a periguete Suellen (Ísis Valverde) com a pulga atrás da orelha. Ela, que se comporta como uma sereia predadora junto à galera do bairro Divino, fica possessa por não despertar o mesmo efeito em Roni. Ao contrário, dele só lhe vem asco e desprezo. Num dos capítulos, ela colocou em xeque a sexualidade do rapaz e até insinou que ele tinha ciúmes por causa de Leandro.

"Tudo indica que ele vai se assumir. O texto que recebo caminha para isso", informa ao Caderno 2 o ator Daniel Rocha, de 21 anos, feliz com a repercussão do papel. "Ele tem uma faceta riquíssima, porque combate todos os tipos de estereótipos. É muito diferente de tudo o que você espera de um jogador de futebol do subúrbio. Acho que o Roni vai contribuir muito com a questão da aceitação de quem é diferente", desenvolve.

O ator é só elogios para o autor da novela, João Emanuel Carneiro. Aliás, essa é a sua estreia na TV. Daniel é cria do Centro de Pesquisa Teatral (CPT), de Antunes Filho. "O personagem funciona porque se aproxima daquilo que é humano, daquilo que muita gente tem a sorte de encontrar no dia a dia". Ele acredita que, deixando de lado as questões sobre preferências sexuais, nós estamos próximos a pessoas como Roni. "São pessoas sensíveis, boas de coração e de caráter, que agem dentro da ética. Precisamos é dar mais valor para elas", acrescenta. "Roni é, acima de tudo, humano".

Beijo gay
Um novo personagem da trama promete dar ainda mais destaque a Roniquito. O meio-irmão de Tessália, Sidney (Felipe Titto), já declarou que é bissexual e que atualemente só namora mulheres pois não encontrou no bairro Divino um cara bacana que desse bola para ele.

Rocha diz que encara numa boa se seu personagem realmente tiver um relacionamento com o de Titto. "Sou um ator, não tenho que colocar limites para o meu personagem. E se tiver que fazer beijo gay, faria tranquilamente", declara. Ele diz que se espelha em atores estrangeiros que, recentemente, viveram papéis gays no cinema. Cita Sean Penn, que ganhou o Oscar pela interpretação do ativista Harvey Milk no filme "Milk" (2009). Também não esquece do falecido Heath Ledger no drama "O Segredo de Brokeback Mountain" (2005). "Acho que tratar de assuntos relacionados aos direitos gays não causa mais estranheza como no passado. O cinema e a televisão contribuíram muito para isso", observa.

Nas ruas, ele ganha cantadas de mulheres e homens. "Estou sem namorada há pouco tempo. Respeito muito, levo no bom humor, mas deixo claro que sou hétero".

Gays nas novelas brasileiras:

O Rebu (1974)
Primeiro personagem homossexual da telenovela brasileira, o milionário Conrad Mahler (Ziembinski) era discreto.
foto: Divulgação
Júnior ((Bruno Gagliasso) e Zeca (Erom Cordeiro) na novela América
América (2005, foto ao lado)
Júnior (Bruno Gagliasso) e o peão Zeca (Erom Cordeiro) foram os responsáveis por criar a expectativa de que sairia o primeiro beijo gay da TV brasileira. Eles terminaram juntos, mas nada de beijo.
A Próxima Vítima (1995)
Sandrinho (André Gonçalves) e Jefferson (Lui Mendes) foram o casal gay mais próximo da realidade, ao mostrar como sofriam com a não aceitação das famílias. André chegou a ser agredido nas ruas.

Torre de Bapel (1998)
Leila (Silvia Pfeifer) e Rafaela (Christiane Torloni) não foram aceitas pelo público e tiveram um fim trágico: morreram na explosão de um shopping.

Paraíso Tropical (2007)
Rodrigo (Carlos Casagrande) e Tiago (Sérgio Abreu) eram casados, mas também não externavam nenhum tipo de afeto.

Amor e Revolução (2011)
A novela do SBT entrou para a história ao ser a primeira a exibir um beijo gay. No caso, entre as personagens de Luciana Vendramini e Gisele Tigure

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